“A Praia Grande está abandonada!”
Não sei quantas vezes tenho ouvido, algumas não sem razão, a frase acima nos últimos anos. A ausência de políticas e ações mais efetivas de real valorização da área – e não se fala aqui apenas de prédios tombados pelo patrimônio histórico, mas também da valorização do patrimônio humano – explica-a em parte, assim como, em menor escala, a evasão de órgãos públicos, comércios e bares, deixou-a aos ratos, baratas e outros bichos escrotos.
É o cartão postal da cidade, cenário de comerciais, paisagem no imaginário de qualquer turista que a tenha visto na tevê ou ouvido alguém falar.
Ao “a Praia Grande está abandonada” soma-se agora o “a Praia Grande está tomada pelo crack”. As drogas em geral só chegam ali, como em qualquer lugar, pelo vazio deixado, inclusive por nós mesmos. Mas o problema do bairro não é só o consumo de drogas, ou mais particularmente de crack, como às vezes se quer crer: ele é mais um elemento, num conjunto de violência e ausência de infraestrutura, entre outros. Além do mais, sabemos, o crack não é um problema exclusivamente praiagrandense: é um problema social espalhado pelo Brasil e pelo mundo, cuja solução é mais complexa do que o que mostram inconvincentes propagandas no nível do “é possível vencer” e da defesa da internação compulsória – o que este blogue é terminantemente contra.
Dois exemplos louváveis de reocupação da Praia Grande aconteceram recentemente entre setembro e novembro: a 7ª. Feira do Livro de São Luís e a 8ª. Aldeia Sesc Guajajara de Artes, encerrada ontem (1º.), promovidos pela Fundação Municipal de Cultura (Func) e Serviço Social do Comércio (Sesc), respectivamente. Provaram que, com programação de qualidade, o bairro do Centro Histórico da capital ludovicense volta a ser a menina dos olhos de turistas e autóctones.
Os movimentos precisam continuar, cada um fazendo a sua parte, mas sem essa de “cada um no seu quadrado”: artistas fazem o que sabem, plateias aplaudem, a iniciativa privada incentiva, apoia, patrocina, e o poder público garante as condições para que este conjunto se torne possível – atualmente a presença do Estado por ali apenas é percebida apenas na figura da polícia, em geral em atuações desastradas, inclusive com a circulação de viaturas onde não é permitido o trânsito de veículos.
Amanhã (3), às 16h, um grupo de artistas se reúne para “ocuparte” os degraus da Escadaria Humberto de Campos (a do Moiras Drinks, subindo a rua João Gualberto, da Livraria Poeme-se). É o Ocupa com Arte – Rock & Blues, evento gratuito que visa continuar a citada reocupação cultural da Praia Grande.
Dará conta de todos os problemas (históricos) do bairro? Irá resolvê-los todos? Certamente não. Mas cumprirá um papel importante. A que devemos nos somar.
Compartilho da pensamento de que a Praia Grande,não diferente dos outros bairros da cidade está abandonado.Lugar onde deveria ser um grande potencial turístico e cultural,não só no lucro,porém com o objetivo de propagar e incentivar a cultura genuína Maranhense,eu apoio a ideia e claro concordo que não deve ser dever só do Munícípio,tem que ser todos de mãos dadas para mudar essa realidade,e com certeza o incentivo de Eventos como esse deve ser o primeiro passo!
E qual bairro não está abandonado em São Luís? Igualmente abandonados estão o Coroadinho, São Raimundo, Vila Luizão, Vinhais, São Francisco e os demais, sem exceção. E não é coisa de agora, não. Há anos, quando aqui cheguei, já os encontrei assim. E parece que assim permanecerão ad aeternum.
um exemplo de descentralização dessas iniciativas culturais é o sebo no chão, no cohatrac, sobre o que já escrevi aqui pelo blogue. que venham outras! abraços!